segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

DERRUBANDO O SEITÁRIO


Pra início de conversa devemos deixar bem claro, seitário é uma palavra que simplesmente NÃO EXISTE. Isso mesmo que você leu... Não existe.

Basta uma pequena busca no bom e velho pai dos burros, o tão esquecido dicionário!






Num mundo com tantas inovações e com a tecnologia avançando a mil por hora, as pessoas tendem a sentir uma certa falta de tempo de fazer pequenas consultas ou de simplesmente parar para pensarem no que saem de suas bocas ou daquilo que entra pelo seus ouvidos.


Bastou um falar, mais outro, mais outro... Pronto! Quase virou uma verdade!!!


Eu disse QUASE...



De qualquer forma, seitário está tão entranhado no meio de algumas "micro sociedades" que acabou tornando-se corriqueiro ouvir tal expressão em meio de pessoas completamente tomadas por um sentimento de grandeza.





Seitário, aos que mencionam tal palavra, é utilizada com significado pejorativo. Acaba sendo uma forma de definir todos aqueles que são crentes, porém não fazem parte da sua denominação... No sentido de titular os "seitários" como pessoas fora do evangelho, apesar de serem cristãos, já havendo aí uma enorme discordância no vocabulário.






A palavra correta a ser utilizada teria que ser SECTÁRIO, porém na realidade nua e crua a palavra a ser utilizada seria... NENHUMA!!! Porque no final, isso é uma forma de intolerância religiosa e completamente fora da Palavra de Deus.





Um dos significados da palavra sectário seria "Que ou aquele que pertence a uma seita; seguidor, sequaz, partidário." Provém da palavra seita... Que da mesma forma é usada de forma pejorativa, sendo sua ideal utilização não ser.






Voltando ao "seitário"... Veja o que o Senhor Jesus responde a João quando questionado de outras pessoas operando milagres em seu nome e não faziam parte do meio em que eles viviam...






" E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue.


Jesus, porém, disse: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim.


Porque quem não é contra nós é por nós..." Marcos 9:38-40






Dá pra notar que desde aquela época já sentia-se um traço de ignorância e uma certa superioridade, quando João diz que ele e os discípulos proibiram alguém de expulsar demônios porque não seguiam junto deles. E mais uma vez, Jesus dá um esclarecimento tão notável e simples de que quem não era contra eles por eles seria. Simples assim!






Não houve e ainda não há(e não haverá) exclusividade sob os dons de Deus.


As pessoas precisam compreender que Deus é milhares de vezes superior a qualquer instituição religiosa e os templos feitos pelas mãos dos homens não durarão para eternidade e sim as almas...






É necessário cuidar para que não erremos perante Deus e um erro grave é destratar nosso próximo, do contrário o Senhor não deixaria para nós o mandamento " Amar ao próximo como a ti mesmo."


Nossos irmãos em Cristo, não importa em qual igreja cultuem a Deus, devem ser tratados como tal. São nossos irmãos e não " seitários" ou sectários ou, pior, primos... Somos irmãos em Cristo Jesus.


No céu não haverá separação de acordo com as placas das igrejas e muito menos herdará o céu uma única e exclusiva denominação.






Vamos derrubar o seitário sim!!! Derrubar essa palavra e esse sentido pejorativo relacionado a tantos que servem a Deus com sinceridade na alma.


Respeito é bom... E todos gostam!






Deus te abençoe!!!

27/11/2014



FONTE: http://ccmjsaolourenco.wix.com/ccmj#!Derrubando-o-seitário/c1oi8/DE43DEB9-6AE7-40D9-8940-89BE47C67739



Comentário Pessoal: Este artigo reflete uma opinião verdadeira e baseada em experiência pessoal, muito parecida com as que eu também já tive. Infelizmente, rotular uma denominação como "sectária" e sua vertente errônea "seitária", mostra que é necessário amadurecer e muito sobre o conceito que temos de Deus e da Igreja. Não sabemos definir de jeito nenhum estes dois conceitos. Escrevi algo relacionado a este assunto...confira aqui: http://valle-teologo.blogspot.com.br/2013/10/dependencia-psicologica-o-que-e-isto.html



sábado, 6 de dezembro de 2014

O MALABARISMO PROFÉTICO DAS "TESTEMUNHAS DE JEOVÁ"

Às vezes penso, como alguém sabedor de que sua denominação cometeu diversos equívocos acerca da interpretação de profecias bíblicas, ainda se mantem fiel à sua igreja?

Por que continuar sendo membro de determinadas organizações, mesmo verificando que seus ensinos não concordam em nada com as escrituras? Qual o laço que prendem estas pessoas?
Esta é uma pergunta que me faço e não tenho absolutamente ideia de qual a resposta certa, ou de que tipo de sentimento move estas pessoas ditas cristãs.

Todo aquele que gosta de examinar as escrituras, sabe que não se pode marcar datas para o retorno de Cristo, embora saibamos (os que examinam), que dentre as escolas de interpretação da escatologia, houve aquilo que foi representado pela "volta" de Cristo em juízo contra Jerusalém no ano de 70 E.C, algo em plena concordância com as palavras de Jesus em Mateus 24:15-34 e Lucas 21:20-32, e que Cristo voltará  fisicamente a  esta terra quando chegar o tempo determinado "exclusivamente" pelo Pai. (Cf. Atos 1:7-11). A esta escola chamamos de preterismo parcial. [1].

Estou com sentimento de "pena", nestas ultimas semanas, pelos nossos amados irmãos da denominação conhecida como Testemunhas de Jeová. Me refiro a eles como irmãos, porque não sou "exclusivista" nem "dono da verdade", por achar que eles estão perdidos ou que não têm nenhuma chance de voltar atrás em seus erros  -  longe de mim tal coisa!

Porém, todas as pessoas têm direito de emendar-se, de corrigir-se, de voltar atrás e acertar. Isto também se dá no campo das doutrinas bíblicas. Se alguém percebe que viveu constantemente errado acerca de algum assunto, deve se voltar para a verdade e mudar de rumo, trilhando o novo caminho. 

Com relação aos TJ, eu disse antes que sinto "pena", porque desde sua fundação, erros e mais erros têm sido cometidos por seus fundadores principais e repassados aos seus membros, que (sabe-se lá como) continuam a perpetuar o engano até ao dia de hoje. 

Pouca gente talvez saiba, que o fundador das TJ - Charles Taze Russell, embora criado como presbiteriano, aos 16 anos acabou entrando nas fileiras dos Adventistas do  7 dia. [2]. 

É preciso lembrar, no entanto, que Russell foi admirador do movimento chamado Millerita, aquele que deu origem a outro engano profético, onde se originaram os Adventistas do 7 Dia, através de dois de seus seguidores - Nelson Barbour e G. Storrs.

William Miller marcou datas para o retorno de Cristo em 1843 e 1844, e como Cristo não veio, diante do desapontamento que ocorreu, seus seguidores dentre eles Ellen G. White, re-interpretou a profecia, espiritualizando-a e dizendo que Miller se enganou quanto à data, não quanto ao evento. Cristo não viria a terra, mas ao céu, passando do primeiro compartimento ao segundo compartimento do santuário celestial, para finalizar a obra de redenção. Ajustar profecias é tática de todo falso profeta, inclusive dos TJ, como veremos mais adiante.

O grande erro, a meu ver, é que Miller utilizou o principio do "dia-ano" (em profecia 1 dia equivale a 1 ano) para eventos que não pediam necessariamente este principio. Por que pensar que 2300 tardes e manhãs equivalem a 2300 anos (Cf. Daniel 8:14), se o próprio contexto mostra que o período se refere aos Reis da Grécia e da Pérsia e ainda dos 4 sucessores de Alexandre, O Grande? 
E ainda, onde no referido texto de Daniel 8:14 eu tenho que converter 2300 tardes e manhãs em 2300 anos proféticos, necessariamente?

Russell, influenciado por Barbour adotou este mesmo principio do "Dia-Ano", juntamente com o conceito de que o termo grego "parousia" significava "presença invisível". Assim, ainda no ano de 1876, após o encontro com BarbourRussell escreveu um artigo sob o título "Tempo dos Gentios: Quando Eles Terminam?". Neste artigo, ele defendia a tese de que os 2.520 "dias" (2520 anos proféticos) da profecia de Daniel iam de 606 AC a 1914 DC, data em que findariam os assim chamados "Tempos dos Gentios" (Lucas 21: 24).




Chegou o ano de 1914, passou.......mas o "fim" tão esperado não chegou!  Russell morreu em 1916 e não viu o tão esperado "fim do mundo" chegar!!!






MALABARISMOS COM NÚMEROS

A maioria dos adeptos de religiões fundamentadas na escatologia - entre elas, as Testemunhas de Jeová - não está familiarizada com os complexos cálculos envolvidos nas especulações proféticas que foram ensinadas a defender como verdade divinamente revelada. Ainda assim, estas pessoas mostram-se credulamente dispostas a defender o resultado de tais cálculos, a despeito de sua pouca familiaridade com eles e da ausência de evidências claras que lhes dêem sustentação. Este, indubitavelmente, tem sido o caso dos atuais defensores da cronologia de Russell, ou do que restou dela. É muito raro encontrar, nestes dias, uma Testemunha de Jeová que saiba explicar os fundamentos da cronologia dele - hoje totalmente alterada por seus sucessores [...] O ano de 1914 não trouxe Jesus Cristo nas nuvens nem o arrebatamento da igreja nem o Armagedom. Trouxe, isto sim, 4 anos de conflito armado, em lugar dos 1000 anos de paz que prometera. [3]

Isto deveria nos induzir à reflexão... 

Diante da infindável lista de autores e de previsões, desde os primeiros séculos até nossos dias, o leigo fica comumente atônito diante da multiplicidade de datas apontadas como biblicamente significativas, bem como dos cálculos escatológicos sobre os quais elas supostamente se apoiam, especialmente considerando que a maioria dos autores reclamou para si, em maior ou menor grau, o reconhecimento de portadores de revelação divina. Neste respeito, Charles T. Russell não foi uma exceção.

Com o propósito de esclarecer o leitor quanto à futilidade de se tentar, à base do exame acadêmico das Escrituras, inferir esta ou aquela data como sendo o ponto de convergência das profecias, passo a expor algumas das passagens bíblicas de interesse, bem as diversas interpretações dadas a elas ao longo dos séculos pelos escatologistas - entre eles, Russell.


     Texto                             período                                interpretação 
Daniel  7: 25        "um tempo, tempos e  metade de um tempo"     1 + 2 + 0.5 = 3,5 tempos
                                                                                                     = 3,5 x 360 =  1260 anos    
Daniel 8: 14                    "2300 tardes e manhãs"                             2300 anos
Daniel 9:  24-27                     "70 semanas"                                  70 x 7 = 490 anos   
Daniel  12: 11                          "1290 dias"                                           1290 anos
Daniel 12: 12                           "1335 dias"                                           1335 anos
Daniel  4: 16, 32                      "7 tempos"                                  7 x  360 = 2520 anos
Apocalipse 11: 3                    "1260 dias"                                            1260 anos
  Nota: alguns autores aplicaram um período de 50 'jubileus', chegando a 2450 anos, ao invés de 2520.


Depois veio Rutherford, sucessor de Russell e  "profeta" e desta vez refez os cálculos. A data agora era "1925": Vejam o que ele escreveu no livro "Milhões que agora  vivem jamais morrerão, pág. 112 " datado de 1920:





"Nesta data a parte terrestre do Reino será reconhecida [...] Podemos seguramente esperar que 1925 marcará a volta às condições de perfeição humana, de Abraão, Isaac, Jacó e os antigos profetas fiéis, especialmente esses mencionados pelo Apóstolo no capítulo onze de Hebreus. Baseado nos argumentos até aqui apresentados, isto é, que a ordem velha das coisas, o velho mundo está se findando e desaparecendo, e que a nova ordem ou organização está se iniciando, e que 1925 será a data marcada para ressurreição dos anciãos dignos e fiéis, e o princípio da reconstrução, chega-se á conclusão razoável de que milhões dos que vivem agora na terra, ainda estarão vivos no ano de 1925. Então, baseados nas promessas encontradas nas palavras divinas, chegamos à positiva e indiscutível conclusão de que, milhões que agora vivem jamais morrerão" (Milhões que Agora vivem Jamais Morrerão (mencionado no livro Proclamadores, página 78), lançado pela Sociedade em 1920, foi publicado no Brasil em 1923, fragmentos extraídos das páginas 110, 111, 112, 122)".

Mais uma vez, chegou o ano de 1925, passou.......mas o "fim" tão esperado não chegou! Rutherford faleceu em 1942.




É isto que estou tentando dizer: Será que os membros das TJ não conhecem estes erros proféticos de seus próprios fundadores? Por que permanecem ainda no engano?

Posso, humildemente, apontar alguns motivos:

1 - Erros quanto a interpretação do tempo da profecia e do publico alvo a quem a profecia foi dirigida;

Ex.: Mateus 24 e Lucas 21 se referem a "vinda" de Jesus em juízo contra Jerusalém no ano 70.E.C. 

Mateus 24:34 e Lucas 21:32 são bem enfáticos:  "Não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam" (TEMPO);


Em Mateus 23, a partir do v. 36, Jesus começa a falar do assunto sobre como os judeus de seu tempo seriam culpados pelas atrocidades que cometeram contra os profetas e de como o juízo se abateria sobre eles, dizendo que sobre eles deveria cair todo o sangue justo que fora derramado, e depois arremata: "todas estas coisas hão de vir SOBRE ESTA GERAÇÃO"  -  "VOSSA CASA VAI FICAR-VOS DESERTA". (Mateus 23:36 e 38). (GRIFOS MEUS).


Não podemos "fugir" do contexto, achando que se pode aplicar esta profecia a um longínquo tempo no futuro, se o próprio texto em si é bem enfático, apontando o "tempo" de seu cumprimento. 

> TEMPO DA PROFECIA = PARA AQUELA GERAÇÃO (A QUAL JESUS SE DIRIGIA);
>  PUBLICO ALVO = OS JUDEUS DE SEU TEMPO


2 - O foco profético errado quanto à "segunda vinda": [4]

[...] A Segunda Vinda exalta a vitória de Cristo na redenção. Quando Cristo veio na encarnação, foi para sofrer humilhação, morrendo pelos pecados de Seu povo: “E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:8, compare com Mateus 1:21; Lucas 19:10). Mas a bíblia não O deixa na cruz ou na tumba; ela ensina sua consequente glorificação, em quatro passos: ressurreição, ascensão, sessão e retorno.

...O retorno de Cristo em glória é necessário para completar Sua vitória redentiva, porque nessa hora ele retornará como um Rei redentor e conquistador: Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai". (Filipenses 2:9-11).
Mas como Hebreus nota: “Ao lhe sujeitar todas as coisas, nada deixou que não lhe estivesse sujeito(Hebreus 2:8b). Então, a Segunda Vinda de Cristo é necessária para demonstrar conclusivamente Sua vitória redentiva para que todos vejam.
...
Em segunda lugar, a Segunda Vinda completa o plano de Deus para a história. Apesar de Cristo ter assegurado legalmente a derrota do pecado, da morte e do diabo no primeiro século, todos esses males continuam existindo (Romanos 7:18-25; 1ª Pedro 5:8-9). Eles foram banidos legalmente (Colossenses 1:13-14; 2:13-15). E estão sendo banidos historicamente pelo contínuo progresso do evangelho (Atos 26:18; 1ª Coríntios 15:20-23). E serão banidos eternamente na Segunda Vinda de Cristo (Romanos 8:18-25; Apocalipse 20:10-15).

Em terceiro lugar, a Segunda Vinda balanceia nossa teologia de Deus na bíblia. Essa gloriosa doutrina não apenas finaliza a vitória redentiva (dando glórias eternas ao seu amor redentor) e completa o plano de Deus (demonstrando sua sabedoria na criação). Mas também nos dá um sistema que engloba verdades bíblicas majestosas.
...Se não fosse pela Segunda Vinda:
  • Teríamos uma criação (Gênesis 1:1; Hebreus 11:3) não consumada (Atos 3:20-21; Apocalipse 20:11), que resultaria em um universo sem um final definido (1ª Coríntios 15:23-24; 2ª Pedro 3:3-4).
  • Teríamos um mundo eternamente em angústia (Romanos 8:22; 2ª Coríntios 5:1-4), nunca alcançando a gloriosa perfeição (Romanos 8:21; 2ª Pedro 3:12-13).
  • Teríamos um Salvador que sorrateiramente iria embora (Lucas 24:50-52; 1ª Coríntios 15:5-8), sem nenhuma demonstração de sua vitória (Romanos 14:11; Fil. 2:10-11).
  • Teríamos uma redenção espiritualmente focada (Romanos 8:10; Efésios 1:3), sem uma dimensão física (Romanos 8:11; 1ª Tessalonicenses 4:13-18).
  • Teríamos um redentor com um corpo (Atos 1:8-11; Colossenses 2:9), sem família com corpos físicos (1ª Coríntios 15:20-28); Filipenses 3:20-21).
  • O evangelho seria para sempre necessário (Mateus 28:19; Atos 1:8), sem nenhuma consumação final (Mateus 28:20; 1ª Coríntios 15:24).
...Realmente, a Segunda Vinda é a “esperança abençoada” na qual devemos cuidadosamente focar.

3 - Estabelecer períodos de tempo proféticos diferentes dos quais o próprio período ou o contexto requer:

Ex: Daniel 8:14 fala sobre 2300 tardes e manhãs. Onde no contexto eu tenho que transformar este periodo em 2300 anos?

Daniel 4:25 fala sobre "7 tempos" que se passariam sobre Nabucodonosor (passar-se-ão sete tempos por cima de ti). Onde este periodo quer dizer 2520 anos? A não ser, é claro, por malabarismos matemáticos na profecia, aí sim, posso crer nisto!


As TJ não pararam por aí, parece que não aprenderam nem mesmo com os seus próprios erros e re-interpretando suas "profecias", decidiram marcar uma nova data para o fim do mundo: O ano agora é 2034!

"Jeová declarou nos dias de Noé: "Meu espírito não há de agir por tempo indefinido para com o homem, porquanto ele é carne. Concordemente, seus dias hão de somar cento e vinte anos." (Gênesis 6:3) A declaração desse decreto divino em 2490 AEC marcou o começo do fim daquele mundo ímpio. Imagine o que isso significava para os que viviam naquele tempo! Em apenas mais 120 anos Jeová traria "o dilúvio de águas sobre a terra, para arruinar debaixo dos céus toda a carne em que a força da vida está ativa". — Gênesis 6:17". "Noé recebeu o aviso sobre a vindoura catástrofe com décadas de antecedência, e ele usou sabiamente o tempo, a fim de se preparar para a sobrevivência. "Depois de receber aviso divino de coisas ainda não observadas", disse o apóstolo Paulo, "[Noé] mostrou temor piedoso e construiu uma arca para a salvação de sua família". (Hebreus 11:7). Que dizer de nós? Já se passaram uns 90 anos desde o começo dos últimos dias deste sistema de coisas em 1914. Nós certamente estamos no "tempo do fim". (Daniel 12:4) Como devemos reagir aos avisos que recebemos? "Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre", declara a Bíblia. (1 João 2:17) Portanto, agora é o tempo para fazer a vontade de Jeová com um forte senso de urgência" (A Sentinela, de 15.12.2003, página 15, parágrafos 6 e 7). (Grifos meus)

Perceberam a sutileza do engano? É a mesma que eu me referi acima, estabelecendo períodos de tempos proféticos onde o próprio contexto da passagem não indica.

Apanharam o texto de Gênesis 6:3 que fala de 120 anos e somando-o ao tempo profético estabelecido por Russell erroneamente sobre o ano 1914, dando o resultado de 2034.


Explicação do novo período de tempo para o FIM DO MUNDO  

1914 (começo do TEMPO DO FIM) + 120 ANOS ( periodo dado por Deus ao diluvio) = 2034 (FIM DO MUNDO).

Eu não sei sinceramente o que se passa nas cabeças do chamado "Corpo Governante" das TJ, quando vejo algo deste tipo e mesmo diante de tantos fracassos proféticos cometidos pelos seus próprios lideres!! Sinto uma enorme pena dos TJ!


APENAS MAIS UM DETALHE

Quando Jesus se referiu ao "fim do mundo" em Mateus 24, a palavra grega utilizada foi traduzida erroneamente, dando a falsa ideia de que se refere ao mundo físico, por isto o erro tanto na interpretação dos TJ, quanto na interpretação da maioria dos dispensacionalistas atuais.

O “fim do mundo” aparece várias vezes na tradução King James Version da Bíblia. A palavra grega kosmos, palavra esta que se esperaria encontrar na tradução como “fim do mundo” [mundo físico], não é utilizada nas passagens. As traduções modernas não traduzem as passagens como o “fim do mundo”, porque a palavra grega usada é AIONOS e não kosmos. A Nova tradução King James consertou o erro de tradução da KJV original ao traduzir AIONOS como “idade” e não “mundo” (Mateus 13:39, 40, 49; 24:3; 28:20;. Hb 9:26). Aion refere-se a um período de tempo, não ao mundo físico (1 Coríntios 10:11;. Hebreus 9:26).


O Fim do Mundo em Mateus 24.3

"Estando ele sentado no monte das Oliveiras, seus discípulos aproximaram-se dele em particular, dizendo: Dize-nos quando essas coisas acontecerão e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo".
...
Ao olhar para Lucas 21:5-7, esclarecemos que a referida passagem realmente se refere ao "fim", não do "mundo físico", mas daquilo ao qual o Senhor estava se referindo anteriormente: A destruição do Templo de Jerusalém.


Preste bastante atenção no comentário abaixo:

"Assim, novamente, "essas coisas" - a destruição do templo - estão associadas ao fim do mundo. Agora, permita-me explicar isto. A versão da bíblia que usamos, a ACF [Almeida Corrigida Fiel], assim como outras versões, traduz Mateus 24:3 como fim do “mundo”. Isso está errado. A palavra grega usada aqui é aion [os], que significa "idade". Não é a palavra grega "kosmos" ou "oikoumene", que pode significar o mundo e seus habitantes. Os discípulos não questionam sobre o fim do mundo físico, a palavra aeon significa idade, era, ou um período de tempo.
.
A expressão "fim da idade" se refere ao "fim da idade judaica" ou “idade da lei e dos profetas”. Os discípulos sabiam que a queda do templo e a destruição da cidade significavam o fim da idade da Antiga Aliança e a inauguração de uma nova era. 

William Barclay diz: "O tempo foi dividido pelos judeus em dois grandes períodos – esta presente idade, e a idade vindoura. A idade atual é totalmente ruim e longe de qualquer esperança de reforma humana. Se pode ser restaurada, é apenas pela intervenção direta de Deus. Quando Deus intervir e trouxer a idade de ouro, a idade vindoura chegará. Mas entre as duas idades virá o Dia do Senhor, que será uma época de terrível e temível turbulência, como as dores de parto de uma nova idade." Lembre-se de Zacarias 14, onde o "Dia do Senhor" e a destruição de Jerusalém foram associados". [5].

Atualmente existe farta literatura para quem quer conhecer melhor os TJ e suas falsas profecias. Sugiro alguns links nas notas ao final da postagem. [6]


CONCLUSÃO

Imagine alguém chegar até você, oferecendo uma cédula de R$ 1914,00? Qual sua reação?

Certamente você, conhecedor que é do sistema monetário de seu país, imediatamente diria à pessoa que ela carrega uma nota "falsa", não acha?

Então, quando se estuda a profecia, compreendendo-se corretamente seus periodos de tempo, seu publico alvo e um pouco de historia geral, saberá com certeza o que em profecia é falso e o que é verdadeiro. Escolha!


M. A. Valle.








NOTAS E SUGESTÕES DE LEITURA


[1] http://www.revistacrista.org/Preterismo.htm#.VIL8idLF9Ns

[2] "Como que por acaso, certa noite visitei uma sala poeirenta e mal-iluminada, onde eu ouvira dizer que se realizavam cultos religiosos, para ver se o punhado de pessoas que se reunia ali tinha algo mais sensato a oferecer do que as crenças das grandes religiões. Ali, pela primeira vez, ouvi algo sobre os conceitos dos Adventistas [Igreja Cristã do Advento], sendo o Sr. Jonas Wendell o pregador...Assim, reconheço estar endividado com os adventistas e com outras denominações. Embora a exposição bíblica feita por ele não fosse inteiramente clara,... foi o suficiente, sob a orientação de Deus, para restaurar minha abalada fé na inspiração divina da Bíblia..., embora o Adventismo não me tenha ajudado em nenhuma verdade específicaajudou-me grandemente a desaprender errose assim me preparou para a Verdade." (Watchtower, 1906, reimpressão)

[3] http://testemunha.orgfree.com/historia.htm#Especulações

[4] A Vinda do Rei, por kenneth Gentry em: http://www.revistacrista.org/Segunda%20Vinda%20e%20Ressurreicao_a%20Vinda%20do%20Rei.htm#.VIIaCdLF9Ns

[5] http://www.revistacrista.org/Fim%20do%20Mundo_Dois%20Tipos%20de%20Fim.htm#.VIMCK9LF9Ns

[6] Literatura recomendada:

> Os tempos do Gentios Reconsiderados - Carl Oloff Jonhsonn;
> http://indicetj.com/indice-a-z.htm
> Conheça sobre o preterismo parcial em http://www.revistacrista.org/edicoes.htm#.VIMEVtLF9Ns

sábado, 7 de junho de 2014

O LIBERALISMO TEOLÓGICO


Vejamos agora alguns nomes implicados no liberalismo teológico, responsáveis pelos novos rumos tomados pelo protestantismo:





 Friedrich Schleiermacher (1768-1834)





Teólogo e filósofo alemão, embora anti-racionalista, ensinou que não há religiões falsas e verdadeiras. Todas elas, com maior ou menor grau de eficiência, têm por objetivo ligar o homem finito com o Deus infinito, sendo o cristianismo a melhor delas.

  
Ao harmonizar as concepções protestantes com as convicções de burguesia culta e liberal, Schleiermacher foi considerado radical pelos ortodoxos, e visionário pelos racionalistas. Na verdade, o seu pensamento filosófico-teológico, embora considerado liberal, está mais perto do transcendentalismo de Karl Barth.






Adolf Von Harnack (1851 -1930)





 Teólogo protestante alemão, em cuja obra principal História dos Dogmas defende que a evolução dos dogmas do cristianismo se deu pela helenização progressiva da fé cristã primitiva. Em outra obra, A essência do cristianismo, reduziu a religião cristã a uma espécie de confiança em Deus, sem dogma algum e sem cristologia.











D. Albrecht Ritschl (1822 -1889)








Ritschl ressaltou o conteúdo ético da teologia cristã e afirmou que esta deve basear-se principalmente na apreciação da vida interior de Cristo.








David Friedrich Strauss (1808-1874)




Foi o teólogo alemão que maior influência exerceu no século XIX sobre os não-teólogos e não-eclesiásticos. Tornou-se professor da Universidade de Tubingen com apenas 24 anos. Quatro anos mais tarde, em 1836, foi furiosamente afastado do cargo em virtude de sua obra denominada Vida de Jesus criticamente estudada.






No ano de 1841 lançou, em dois volumes - A Fé Cristã - Seu Desenvolvimento Histórico e seu Conflito com a Ciência Moderna. Nesta obra está negando completamente a Bíblia, a Igreja e a Dogmática. Em 1864 publicou uma segunda Vida de Jesus, quando procurou então distinguir o Jesus histórico do Cristo ideal segundo a maneira típica dos liberais do século XIX. Em sua A Antiga e a Nova Fé, publicada em 1872, adota a evolução darwiniana em contraste com a fé bíblica.


Para Strauss, Jesus é mero homem. Insiste em que é necessário escolher entre uma observação imparcial e o Cristo da fé. Ensinou que é preciso julgar o que os Evangelhos dizem de Jesus pela lei lógica, histórica e filosófica, que governa todos os eventos em todos os tempos. Não achou e não procurou um âmago histórico, mas interessou-se apenas em mostrar a presença e a origem do mito nos evangelhos.

Seu conceito do mundo é o de matérias subindo para formas cada vez mais altas. À pergunta: "Como ordenamos nossas vidas?" - responde: Autodeterminação, seguindo a espécie.

Nas obras de Strauss não há lugar para o sobrenatural. Os milagres são mitos, contados para confirmar o papel necessário de Jesus, daí as referências ao Velho Testamento. Em resumo, Jesus é uma figura histórica. Da vida de Jesus nada sabemos, sendo tudo mito e lenda.

Considerado o mais erudito entre os biógrafos infiéis de Jesus, Strauss encerra o último capítulo da sua segunda Vida de Jesus com estas palavras: 

"...aparentemente aniquilaram a maior e mais importante parte daquilo que o cristão se acostumou a crer concernente a Jesus; desarraigaram todos os encorajamentos que ele tem tirado de sua fé e privaram-no de todas as suas consolações. Parece que se acham irremediavelmente solapados os inesgotáveis depósitos de verdade e vida que por dezoito séculos têm sido o alimento da humanidade; o mais sublime atirado ao pó, Deus despido de sua graça, o homem despojado de sua dignidade, e o laço entre o céu e a terra rompido. Recua a piedade em horror diante de um ato tão temeroso de profanação, e, forte como é na impregnável evidência própria de sua fé, ousadamente conclui que - não importa se um criticismo audaz tentar o que lhe aprouver tudo o que as Escrituras declaram e a Igreja crê acerca de Cristo subsistirá como verdade eterna; nem sequer um jota ou um til será removido."


Philip Schaff comenta que:

Strauss professa admitir a verdade abstrata da cristologia ortodoxa, "a união do divino e humano, mas perverte-a, emprestando-lhe um sentido puramente intelectual, ou panteísta. Ele nega atributos e honras divinas à gloriosa Cabeça da raça, mas aplica os mesmos atributos a uma humanidade acéfala.


Destarte, ele substitui, partindo de preconceitos panteístas, uma viva realidade por uma abstração metafísica; um fato histórico por uma mera noção; a vitória moral sobre o pecado e a morte por um mero passo na filosofia e em artes mecânicas; o culto do único vivo e verdadeiro Deus por um culto panteísta de heróis, ou própria adoração de uma raça decaída; o pão nutriente por uma pedra; o Evangelho de esperança e vida eterna por um evangelho de desespero e de final aniquilamento.




Sorem Kierkegaard (1813-1855)







Teólogo e filósofo dinamarquês. Filho de um homem rico torturado por dúvidas religiosas e sentimentos de culpa, Kierkegaard adquiriu complexos de natureza psicopatológica e possíveis deficiências somáticas. Estudou teologia na universidade de Copenhague, licenciando-se em 1841.

 Atacou a filosofia de Hegel e afastou-se mais e mais da Igreja Luterana, por julgá-la muito pouco cristã. Para o teólogo dinamarquês, entre as atitudes (fases) estética, ética e religiosa da vida não há mediação, como na dialética de Hegel, e não há entre elas transição, no sentido de evolução. Para chegar da fase estética à fase ética ou desta à religiosa é preciso dar um salto (ser iluminado, converter-se instantaneamente) que transforme inteiramente a vida da pessoa.


Para Kierkegaard, só o cristianismo é capaz de vencer heroicamente o mundo, sendo o panteísmo cultural de Hegel impotente contra a consciência do pecado e contra o medo e temor. Criticou o hegelianismo em sua acomodação ao mundo profano, por não ser capaz de eliminar a angústia e admitir a existência de contradições irresolúveis entre o cristianismo e o mundo, cabendo ao homem escolher existencialmente entre esta e aquela alternativa: ser cristão ou ser não-cristão.


São profundos os conceitos de Kierkegaard sobre os estágios da vida, a diferença entre ser e existir, o subjetivo e o objetivo, o desespero, os critérios positivos para a verdadeira existência, etc.


 Eis alguns deles:


No estágio estético, o homem leva uma existência imediata e não refletiva, faltando a diferenciação entre ele e o seu mundo; No estágio ético, o homem assume a responsabilidade pelo seu próprio ser, procura alcançar-se a si - o que não pode fazer; No estágio religioso, reconhece a impossibilidade de viver conforme gostaria e descobre que o pecado é não ser o que Deus deseja que seja, e que só se alcança este estado proposto por Deus através de algo que vem de fora - o próprio Deus;

O tempo (e espaço) trata do que o homem é, da sua existência; a eternidade significa que, embora o homem viva no tempo e no espaço, ele não está totalmente determinado por estes elementos; a existência fala de liberdade, possibilidade, do ideal, da obrigação; o momento de decisão é quando a eternidade intercepta o tempo;


O objetivo cultural é aquilo que é, enquanto o homem fica entre o que é e o que ele pode e deve ser. A ciência limita-se ao estudo do que é, ao que ela chama "a verdade"; mas os fatos claramente aceitos jamais encerram a verdade;

A essência do ser humano aparece quando traz a eternidade para dentro do tempo. Cada homem há de sofrer porque vive numa realidade muito física: liberdade versus tempo;

O único que realmente resolveu o paradoxo do tempo e da eternidade foi Jesus Cristo. Ele mesmo foi um paradoxo: Deus e homem; limitado e ilimitado; ignorante e conhecedor de tudo.


Soren Kierkegaard, redescoberto na Alemanha por volta de 1910, é considerado o precursor da teologia transcendental de que Karl Barth  no século XX, é o principal representante.




EXAME CRÍTICO


 1. Foi a partir de meados do século XIX, como conseqüência da grande vitalidade intelectual e reorientação do pensamento, que nasceu a teologia liberal. Foi esta uma época de renascimento religioso em geral e, em particular, de expansão do protestantismo, institucional e geograficamente caracterizada pelas missões e surgimento das sociedades bíblicas.


2. O liberalismo teológico, em sua essência, procura libertar as consciências cristãs das suas amarras escolásticas, apontando-lhes as exigências da razão. Realça a pessoa de Deus como a fonte de toda a verdade e enfatiza a necessidade de uma certeza sincera na busca da verdade, embora reconheça a impossibilidade do ser humano alcançar um conhecimento pleno da verdade absoluta.


3. A maioria dos teólogos da atualidade considera hoje insustentável essa premissa liberalista de que o espírito humano não possa mover-se em regiões para além do alcance dos sentidos, além do raciocínio meramente racional. Para Platão, o intelecto tem idéias supersensíveis, inexplicáveis à luz da razão, sendo que é neste reino que residem os característicos principais e distintivos da alma humana. Modernamente, é cada vez maior o número dos que conhecem uma área essencialmente metafísica, portanto fora do alcance dos meios físicos, na qual o espírito obedece às leis de sua própria natureza.


4. Segundo os teólogos liberais, o protestantismo precisa "incorporar à sua teologia os valores básicos, as aspirações e as atitudes características da cultura moderna, ressaltando, dentre outros, o imperativo ético do Evangelho." (Enciclopédia Mirador). 

Dessa pregação nasceu o evangelho social, onde a mensagem de Cristo deixa de ser o poder de Deus para a salvação e regeneração do homem, para tornar-se apenas uma fórmula social, impotente. 

"A Igreja transcende os métodos e as fórmulas humanas. Ela produz aquela vida plena de riqueza, que é o espírito livre e nobre em ação; pensa os melhores pensamentos; aceita os mais elevados ideais e os reveste de uma linguagem irresistível. Assim ela infunde um poder criador na sociedade de espíritos humanos... Não há fórmula suficiente boa para tornar boa uma sociedade, se não for executada por homens bons. O cristianismo não elabora fórmulas, mas cria os homens capazes de insuflar força moral em qualquer fórmula" (Lynn Harold Hough).


5. O movimento liberalista não reivindicou apenas amplas liberdades para o exercício da razão, mas pregou a tolerância entre as denominações protestantes, aproximando-as, através da minimização das diferenças doutrinárias.


6. O ressurgimento da intolerância religiosa no seio do catolicismo romano, nas primeiras décadas do século passado, o que resultou na prisão e morte de protestantes em diversos países, especialmente na Estônia, Lituânia, Letônia, Turquia, Pérsia, Portugual e Espanha, contribuiu também para aproximar entre si as denominações evangélicas. A organização, em 1846, da Aliança Mundial Evangélica, em Londres, foi uma resposta ao estado de insegurança em que se achavam várias correntes do protestantismo. Essa Aliança muito fez pela liberdade de culto em todo o mundo.


7. Mas o espírito liberal reclama ainda respeito pela ciência e pelos métodos científicos de pesquisas, o que implica na aceitação franca do estudo, tanto do mundo material como da crítica bíblica e da história da Igreja. 
Foi valendo-se desse estado de espírito favorável, que Darwin publicou a sua célebre obra As Origens das Espécies através de meios de seleção natural,em 24 de novembro de 1859, que provocou violentas e intermináveis polêmicas.


8. O liberalismo teológico aceita também o princípio da continuidade, ou seja, considera mais importantes as semelhanças do que os contrastes, admitindo-se a idéia da evolução para superar os abismos existentes entre o natural e espiritual, entre o homem e seu Criador, enfatizando mais a imanência do que a transcendência de Deus; o liberalismo prega ainda a confiança do homem no futuro, gerada pelas grandes conquistas em todos os campos da ciência.


Outras Doutrinas Liberais


1. Os credos primitivos são arcaicos e sem realidade para o mundo moderno.

2. A mente do homem é capaz de raciocinar segundo os pensamentos de Deus.

3. A mente deve estar aberta à verdade independentemente da fonte.

4. As doutrinas cristãs são símbolos de verdades racionais conhecidas pela razão humana.

5. A divindade de Jesus era uma declaração simbólica do fato de que todos os homens possuem um aspecto divino.

6. 0 conceito bíblico da revelação de Deus na história era ingênuo e pré-filosófico.

7. Os itens "4', "5" e "6" do parágrafo anterior sofreram influência do idealismo absoluto de Hegel e Letze. Os demais itens justificam plenamente alguns dos títulos do liberalismo: modernismo e racionalismo.

8. Como vimos, para o liberalismo Deus está presente em todas as fases da vida e não apenas em alguns eventos espetaculares. Assim, o método de Deus é o caminho da mudança progressiva e da lei natural, e o nascimento virginal de Cristo não condiz com a realidade, pois Deus está presente em todos os nascimentos.


9. Defendendo assim a imanência de Deus, o liberalismo podia aceitar a teoria da evolução, não negando a Deus, todavia, um ato criador, ou seja: Ele teria criado a primeira célula viva, da qual vieram todos os seres viventes, inclusive o homem.

10. O liberalismo reage contra um evangelho individualista, capaz de salvar o homem do inferno e não da sociedade corrompida, e insiste em que o reino de Deus não é além-túmulo e nem milênio, mas sim a sociedade ideal edificada pelo homem com o auxílio de Deus.

11. Na busca duma "sociedade ideal" muitos teólogos se têm inclinado para uma espécie de socialismo cristão, envolvendo-se em movimentos subversivos por acreditarem que as doutrinas de Marx e Engels, se destituídas de seu ateísmo, estariam em melhores condições de atender aos reclamos dos povos pela justiça social de que a própria mensagem evangélica.



 Sua atuação no Brasil




1. A entrada do liberalismo no Brasil remonta ao segundo decênio deste século, quando a Imprensa Metodista editou Pontos Principais da Fé Cristã, livro que nega a doutrina da expiação. Depois surgiram inúmeras obras modernistas, inclusive Religião Cristã, traduzida do italiano pelos reverendos, Dr. Alexandre Orechia e Matatias Gomes dos Santos.


  
2. As primeiras vítimas da teologia liberal em nossa pátria, segundo o falecido reverendo Raphael Camacho, apareceram por volta de 1930, na Faculdade Evangélica de Teologia, no Rio de Janeiro. Muitos livros adotados nesse estabelecimento de ensino religioso eram modernistas, como também o eram quase todos os seus professores.

  

3. Segundo Raphael Camacho, o rev. Othoniel Motta, professor de Geografia Bíblica, costumava dizer em classe: "Eu sou o pai dos hereges... Eu oro pelos mortos." O rev. Epaminondas do Amaral, professor de exegese do Velho Testa mento, negava tudo o que há de sobrenatural na Bíblia. O rev. Bertolaze Stela escreveu no "Estandarte", em 11/9/41, que todos os manuscritos da Bíblia foram contaminados por grandes mo dificações, e que não há esperança de se encontrar entre eles um texto que esteja próximo dos originais. Em "O Estandarte" de 15/9/53, este mesmo ministro escreveu: "Somente as palavras de Jesus constituem os ensinos e a religião de Cristo... a Bíblia contém a palavra de Deus." e fez suas as palavras do rev. Miguel Rizzo Jr., em A Nossa Mística: "Para uns a suprema autoridade está na Igreja (Católica Romana); para outros, nos espíritos do além (espíritas); para outros nas Escrituras (evangélicos), mas para nós está em Cristo." Eis aqui a heresia chamada cristicismo, que desassocia Cristo da Bíblia e afirma que somente as palavras ditas por Cristo é que são inspiradas.


  
4. Em 1938 os modernistas se manifestaram mais publicamente, de modo especial no seio da Igreja Presbiteriana Independente, sendo então resistidos pelos fundamentalistas, liderados pelo rev. Camacho. Travou-se acirrada luta doutrinária, luta que levou o rev. Camacho a desligar-se dessa Igreja e a organizar, em 11 defevereiro de 1940, a Igreja Presbiteriana Conservadora.


  
5. Também o ex-padre Humberto Rohden, escritor, conferencista e autor de uma tradução do Novo Testamento em português, no seu livro Pelo Prestígio da Bíblia na Era Atômica, faz uma dura arremetida contra o evangelismo bíblico do Brasil e uma exposição das teorias modernistas do pastor batista norte-americano, Harry E. Fosdick.



Obs.: Podemos entender e aceitar o liberalismo teológico como uma excelente ferramenta para melhor compreendermos a fé cristã, liberando-a de seus dogmas pré-estabelecidos que sacam sua beleza. Para melhor entender sua essencia, recomendo a leitura do livro: O QUE É CRISTIANISMO? (Editora Reflexão),  do grande teólogo alemão Adolf Von Harnack, disponível em: 

https://ssl5921.websiteseguro.com/editorareflexao1/Site.aspx/Produto/86-O-QUE-E-CRISTIANISMO?store=1


MARCELO VALLE